Por vezes, o “amor” parece uma doença incurável, que causa muitas dores e muitas marcas...Talvez não estejamos, neste caso, falando de amor verdadeiramente. O amor não dói, não aprisiona. A paixão, sim, pode fazer isto. Mas paixão é um outro tipo de sentimento.
Não podemos confundi-la ou misturá-la com o sentimento puro de amor. Se sentimos dor, é porque estamos apegados às pessoas, aos prazeres que elas nos proporcionam, às contraditórias sensações que nos trazem. Não queremos perder essas sensações. É a possibilidade de tal perda que dói, até muito mais do que a perda em si.
Na realidade, quem sente dor é o ego, a personalidade. O problema é que, como estamos identificados com a personalidade, confundimos tudo.
As sensações são criadas a partir de projeções mentais que fazemos em relação a pessoas e coisas. Assim, aquilo que muitas vezes chamamos de “amor” não passa de apego a sensações, apego a projeções mentais, fascinação, fantasia. Em nossas projeções, achamos que as pessoas são desta ou daquela maneira. Não as vemos como verdadeiramente são.
E o resultado desta visão distorcida é a desilusão, a frustração, a mágoa, a dor. Nossos desejos, nossa sede de felicidade, de prazer, são tão grandes que não conseguimos enxergar a verdade.
As sensações de prazer não estão apenas relacionadas ao sexo, embora seja este um componente muito forte. Entram em cena também a sensação de aceitação, de segurança, de ser “normal” – ou seja, compatível com conceitos e padrões impostos pela sociedade –, a sensação de estar feliz ou a simples promessa, esperança, de sê-lo um dia. Essas sensações, por sua vez, trazem outras consigo, como a sensação de superioridade, orgulho, vaidade.
É preciso perceber e compreender todas as trapaças desse mecanismo interno para que possamos amar verdadeiramente. Do contrário, não iremos além das ilusões, das fantasias; continuaremos a sofrer e sofrer. É preciso um profundo mergulho dentro de nós mesmos para conhecermos, por inteiro, nossa real essência – a essência capaz de alcançar o amor verdadeiro. Fabio F. Balota/Aninha
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